Se você está lendo esse texto esperando um conselho mágico de uma encantadora de adolescentes, minha dica é: fuja! Aqui você vai encontrar estudos importantes da psicologia sobre essa fase da vida, traduzidos em uma linguagem simples e (sempre) bem humorada. O máximo que posso prometer é que, com sorte, minhas as postagens farão você olhar pro adolescente aí do teu lado com outros olhos. Tá disposto? Então, TE VIRA!

Pra começar, pense numa frase que resuma a adolescência para ti. Vamos lá, bota a cabeça pra funcionar! Que frase seria?

Por acaso uma das frases que passou pela tua cabeça foi: “são os hormônios”. Sim, sim! Não há um só adulto nesse mundo que não culpe os coitados dos hormônios pela impulsividade, mudança de humor, tédio constante, paixões intensas, drama, oposição. Enfim…por toda treta adolescente.

E se eu te disser que os hormônios não são os maiores responsáveis? (cho-ca-da!)

Obviamente não vou negar o “boom” hormonal que acontece nessa fase, mas deixa te falar: o que rola no cérebro deixa os “hormoniozinhos” no chinelo.

Nosso cérebro só amadurece totalmente por volta dos 25 anos. Inclusive este achado da ciência é um dos grandes argumentos de estudiosos que defendem que a adolescência vai até os 24 anos e não até os 18 (cho-ca-da! – parte 2).

Traduzindo de forma simples (como prometido), nosso cérebro se divide em várias partes, cada uma responsável por algumas funções específicas. A parte interna, o caroço do abacate ou como os cientistas chamam- Sistema Límbico, é a parte onde ficam as emoções. E a parte da frente, como se fosse na nossa testa – Córtex Pré-Frontal – é a parte racional. Essa última é ponderada, crítica, analisa bem os prós e os contras antes de tomar qualquer decisão. Na adolescência, esta parte racional ainda está em desenvolvimento:

As psicólogas Fontes e Maino explicam: “A substância cinzenta vai se afinando e a substância branca, que contém as conexões dos neurônios do córtex, ganha volume, provavelmente em função da mielinização, que é o processo de formação de “capas”, bainhas de mielina, que funciona como camadas isolantes ao redor dos axônios, e permite maior rapidez e fidelidade na transmissão de informações no cérebro.”

A parte da razão ainda não se desenvolveu o suficiente para se comunicar com a parte da emoção. Isso justifica aqueles comportamentos que citei lá em cima e que culpávamos os hormônios.

Pense comigo: o que aconteceria com suas emoções se seu lado racional não fosse capaz de freá-las? Você xingaria seu chefe, chutaria o caixa eletrônico do banco, jogaria seu computador pela janela do escritório… ahhh, são tantas as cenas que podemos imaginar, não é mesmo?!

É exatamente o que acontece com o adolescente!

Portanto (e agora estou chegando na moral da história, prestenção!) se você não pede pra um bebê de 4 meses caminhar porque sabe que ele não atingiu o desenvolvimento necessário para isso, por que então você deveria pedir para um adolescente se controlar, ser maduro, agir como um adulto? Ele também está em desenvolvimento! É tão injusto quanto. Sacou?

Entenda que a minha proposta não é deixar que a expressão das emoções dos jovens aconteça “a la louca”, sem orientação. A grande sacada é quando você compreende que as atitudes impulsivas, sem controle, do seu filho ou filha são (muitas vezes) resultados de um processo de maturação cerebral e não algo pessoal para te atingir e te ferir.

Quando isso verdadeiramente entra na tua cabeça, você muda a forma de abordar seu filho nos momentos de crise e, consequentemente, melhora a relação de vocês. Vai por mim!

 

Falando em cérebro…você já pensou por qual motivo (científico) é mais fácil agradar as crianças do que os adolescentes? Esse fica para a próxima postagem.

 

Silvia Pescador – Psicóloga de Adolescentes e Famílias – CRP12 08881